A Cultura do Cacau
O cacaueiro é planta nativa nas bacias dos rios Orinoco e Amazonas tendo sua origem nas Américas Central e do Sul, e antes de Cristo já era cultivado pelas grandes civilizações indígenas do Continente, principalmente pelos incas e astecas. A sua importância entre os astecas era tão grande que eles lhe impunham origem divina.
Os astecas achavam que o deus Quatzalcault se tornou deus por ter feito uso diário do chocolate e que seus efeitos miraculosos o fizeram adquirir os conhecimentos da ciência universal.
Montezuma, imperador asteca, tomava diariamente inúmeras doses de chocolate, mas, nem todos tinham acesso à bebida, só os nobres e os mais abastados.
Os índios torravam e trituravam o cacau entre duas pedras, ferviam em água aromatizada com baunilha, canela, pimenta ou suco de aveia até que ficasse pastosa, quando era servido em taças. Mais tarde foram os espanhóis que adicionaram açúcar e inventaram o chocolate que conhecemos.
No México, a amêndoa do cacau durante muito tempo foi utilizada como moeda, e as cidades pagavam seus impostos em amêndoas de cacau.
Foi somente no século XVIII que o cacau penetrou na Europa, pois os espanhóis retiveram durante muito tempo o segredo da fabricação do chocolate. O desconhecimento era tanto que corsários holandeses atiraram ao mar preciosa carga de cacau, de um navio capturado, julgando tratar-se de fezes de ovelhas.
Quando os europeus descobriram o chocolate, ficaram encantados e surgiu um livro escrito por Francisco Rauch, em Viena, proibindo aos clérigos o uso do chocolate por ser “droga inflamatória de paixões”, por ser considerada afrodisíaca e assim despertar o desejo sexual. Em outras palavras, o chocolate seria fonte de energia.
O nome científico do cacaueiro é “Theobroma Cacao” que significa “cacau, manjar dos deuses”. É uma planta da família Sterculacae e recebeu este nome do naturalista sueco Carolus Linneu. No Brasil, o cacau é nativo da Amazônia, tendo constituído por muito tempo um produto do seu extrativismo.
As primeiras plantações na Bahia datam aproximadamente de 1746, na fazenda Cubículo às margens do rio Pardo, na então Capitania dos Ilhéus (hoje município de Canavieiras). Estas plantações foram feitas pelo português Antonio Dias Ribeiro, com sementes trazidas do Pará pelo francês Louis Frederic Warneau.
Alguns estudiosos afirmam que a plantação de cacau na Bahia sobreviveu a partir de 1822 com a chegada de um grupo de imigrantes alemães chefiados por Pedro Weyll, os “Solitários do Almada”. A cultura nasceu ao lado dos engenhos de açúcar.
Posteriormente os imigrantes alemães se estabeleceram às margens do rio Cachoeira, onde se deu a sua expansão que se estendeu pelo Sul do Estado.
A lavoura do cacau foi implantada como curiosidade, não havia conhecimento técnico e só valia o pouco conhecimento desenvolvido pelos pioneiros e pelos seus descendentes. Mas mesmo assim chegou-se à conclusão de que o sul da Bahia era bastante apropriado para o seu cultivo.
Durante o século dezenove a cultura foi crescendo em meio a altos e baixos. No fim do século, o comércio desenvolveu-se bastante com o aumento da colheita, que deu a Ilhéus o lugar de primeiro produtor do mundo.
Até o fim do século dezenove o cacau foi explorado pelos estrangeiros. A partir de 1900 começou uma nova etapa. Os nordestinos saídos de Sergipe, Alagoas e outros lugares vinham em busca do eldorado, do dinheiro fácil e abundante, e foi aí que tomou impulso e cresceu de forma definitiva a lavoura cacaueira. E foi quando voltou a se desenvolver a região que fora ocupada pela “Capitania dos Ilhéus”. Como o clima é uniforme, existem plantações de cacau de Valença a Porto Seguro. Praticamente quando fazia 200 anos que havia sido introduzida no sul da Bahia chegou a ser considerada como cultura em decadência, por falta de assistência técnica.
O cacau tem sofrido crises críticas na sua história. Às vezes o que influi é o clima. A região tem chuvas constantes, mas existem épocas que a chuva não vem; isto para a lavoura é um verdadeiro desastre que precisa de muita chuva e de muito sol para florescer.
As primeiras pesquisas sobre o cacau foram iniciadas em 1923, quando foi criada a Estação Experimental em Uruçuca pelo Ministério da Agricultura. Esta se limitou a fazer alguns estudos sobre práticas e beneficiamento do cacau, mas o trabalho não andava por falta de verbas.
Atualmente ainda é incerto o futuro da cultura do cacau por causa da vassoura de bruxa, uma praga que afetou a produção e empobreceu o agricultor. Estão sendo realizadas experiências de clonagem do cacau e estudo do genoma, na tentativa de solucionar o problema.
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